Entre o medo da doença e a força para vencê-la, a paciente Silvane Dezingrini, da Oncologia do Hospital de Clínicas de Carazinho (HCC), encontrou na tecnologia uma aliada inesperada: a touca de crioterapia capilar. Para ela, além da luta contra o câncer de mama, havia outro receio que a acompanhava desde o início do tratamento: a perda do cabelo.

“Fiquei sabendo da touca pelo Jornal do Almoço, quando a apresentadora Cristina Ranzolin comentou sobre o procedimento. Nas primeiras sessões de quimioterapia, precisei alugar por conta própria, mas logo recebi a notícia maravilhosa de que o HCC passaria a oferecer gratuitamente, pelo SUS. Nesta semana fiz minha última quimioterapia e não perdi o cabelo. O resultado foi muito positivo”, conta emocionada.

Silvane descobriu o câncer através do autoexame, hábito que mantinha por causa do histórico familiar. “Minha mãe faleceu de câncer de mama, mas nunca imaginei que eu também passaria por isso. Foi um choque. É um momento difícil, mas desde o início o HCC esteve ao meu lado, oferecendo novas tecnologias e apoio. Agora concluo a quimioterapia e, se necessário, irei me preparar para a cirurgia”, relata com coragem.

Tecnologia que transforma vidas

O equipamento que hoje beneficia pacientes como Silvane só foi possível graças a uma união de esforços. A Liga Feminina de Combate ao Câncer de Carazinho explica que a aquisição ocorreu por meio de recurso próprio do município, através de emenda parlamentar do deputado federal Pedro Westphalen, a pedido da Glamour Camila Mânica e sua família.

“Nós da Liga ficamos muito gratas com o recurso que possibilitou a compra do equipamento, proporcionando um tratamento mais humanizado, que preserva a autoestima e melhora a qualidade de vida das pacientes. É motivo de muita alegria saber que estamos fazendo a diferença na vida destas mulheres”, destacou Sandra Guazelli, representante da Liga.

A touca de crioterapia capilar, também conhecida como “touca inglesa”, é usada durante as sessões de quimioterapia para resfriar o couro cabeludo e reduzir a queda de cabelo. O oncologista Dr. Luciano Alt explica que o resfriamento diminui o fluxo sanguíneo nos folículos, reduzindo a absorção dos medicamentos nessa região.

O procedimento deve ser feito em ambiente hospitalar, com acompanhamento especializado. A touca é resfriada entre 18°C e 22°C e colocada na paciente de 30 a 45 minutos antes da quimioterapia, permanecendo até 90 minutos após o término da sessão.

Autoestima preservada, esperança renovada

Além do benefício físico, os ganhos emocionais são enormes. A preservação do cabelo ajuda as pacientes a enfrentarem o tratamento com mais confiança, reduz a necessidade do uso de lenços e perucas e impacta diretamente no bem-estar psicológico.

Atualmente, o equipamento está disponível para pacientes de 21 municípios atendidos pelo HCC, ampliando o acesso a um tratamento inovador e mais humanizado.

Para Silvane, cada fio preservado representa mais do que estética: é símbolo de resistência. “O câncer chegou de repente, mas não levou minha fé, nem meu sorriso e, agora, nem meu cabelo. Hoje sigo mais forte para a próxima etapa dessa luta”, afirma.

Uma história de superação que mostra que ciência, solidariedade e coragem caminham juntas para devolver esperança a quem enfrenta a batalha contra o câncer.